quinta-feira, março 31, 2011

Labirinto de Emoções -2


II

O Sol já lá vai há muito tempo.

À memória chega-me uma chuvosa e fria noite de Inverno, passada na companhia de um quente e amargo café que vou sorvendo de pé, enquanto olho a estreita rua deserta através da janela de um gélido quarto.

Nas alugadas quatro paredes cal, as sombras da pouca mobília quebram a solidão.

No espelho vejo a gorda Lua que entrou pelo fino das cortinas.

O silêncio irrita!

O frio corta, dói!

Nem o negro líquido, que quase a ferver me vai escorrendo pela garganta, consegue desfazer o seu frígido nó.

Braseira…, aquecedor…, são luxos que não sei.

A moer-me no íntimo, não está o que pago, mas sim o porquê de um dia a esta porta ter batido.

Ah! Soubesse eu, onde encontrar o destino?

Perguntar-lhe-ia todos os porquês!

Não os de hoje, mas os de amanhã.

Depois…, bem…

…nem depois, nem agora.

É que o destino nunca o alcançou ninguém.

Ele foge, foge… mesmo até quando já chegamos ao fim.

Como é cobarde o destino!

Sempre a iludir-nos!

O irritante silêncio continua.

O frio insiste!

Nem a memória me aquece!!!

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