II
O Sol já lá vai há muito tempo.
À memória chega-me uma chuvosa e fria noite de Inverno, passada na companhia de um quente e amargo café que vou sorvendo de pé, enquanto olho a estreita rua deserta através da janela de um gélido quarto.
Nas alugadas quatro paredes cal, as sombras da pouca mobília quebram a solidão.
No espelho vejo a gorda Lua que entrou pelo fino das cortinas.
O silêncio irrita!
O frio corta, dói!
Nem o negro líquido, que quase a ferver me vai escorrendo pela garganta, consegue desfazer o seu frígido nó.
Braseira…, aquecedor…, são luxos que não sei.
A moer-me no íntimo, não está o que pago, mas sim o porquê de um dia a esta porta ter batido.
Ah! Soubesse eu, onde encontrar o destino?
Perguntar-lhe-ia todos os porquês!
Não os de hoje, mas os de amanhã.
Depois…, bem…
…nem depois, nem agora.
É que o destino nunca o alcançou ninguém.
Ele foge, foge… mesmo até quando já chegamos ao fim.
Como é cobarde o destino!
Sempre a iludir-nos!
O irritante silêncio continua.
O frio insiste!
Nem a memória me aquece!!!
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